Verónica Lidimba é uma mulher, mãe e filha de 36 anos de idade que nasceu na província de Cabo Delgado, distrito de Mueda. Trabalha, actualmente, como Oficial de Relações Comunitárias para CCS JV, no projecto de LNG, mundialmente classificado em Afungi, distrito de Palma, província de Cabo Delgado.
Verónica, fale-nos um pouco de si? E da sua trajetória?
“Tive uma infância boa, perto dos meus pais, onde pude crescer de forma saudável. Após uma separação na família, passei a viver apenas com a minha mãe, por falta de condições financeiras fiquei um ano sem estudar e comecei a trabalhar como digitadora por 6 meses, logo a seguir, retomei os estudos e conclui a 12ª Classe. Trabalhei com desenvolvimento de inquéritos no âmbito de censo agro-pecuário em todos os distritos de Cabo Delgado. Tendo passado na área da educação de primeira infância, no sector de desenvolvimento comunitário como facilitadora.”
Como é trabalhar com pessoas de várias culturas e línguas?
“Não é fácil, mas também não é impossível. Acho que a melhor forma de lidarmos uns com os outros é através do respeito mútuo. Temos a vantagem de interagir com pessoas de diferentes culturas e línguas algo que achei interessante quando cheguei na CCS JV, um processo constante de aprendizado, como uma escola, sinto que estamos sempre a evoluir e a passar para outras fases. ”
Quando e como começa o seu percurso na CCS JV? Qual foi a sua impressão assim que chegou a Afungi?
“Dezembro de 2019, não tinha muita noção do Projecto. Durante o processo de indução vi que era completamente diferente do que eu estava habituada, era um projecto gigante. Não estava habituada a trabalhar com um computador só para mim, o que se tornou real na CCS JV. Percebi que a CCS JV é uma árvore que tem as suas ramificações quando foram me apresentadas as subcontratadas através das quais eu iria trabalhar. ”
Como foi o primeiro contacto com as comunidades?
“Por conhecer a língua local e pela experiência em lidar com a comunidade não foi uma tarefa difícil. Mobilizar as comunidades de modo a transmitir segurança no âmbito da resolução de conflitos. ”
A CCS JV, é um consórcio que actua nas áreas de Engenharia, Procurement e Construção do Projecto Moçambique LNG, como mulher moçambicana, o que significa trabalhar num projecto dessa envergadura?
“Acredito que o trabalho dignifica o Homem e é a chave para a abertura de portas. Quando olho a Verónica de 2009 e de hoje, vejo uma grande diferença. É uma vitória para mim, uma oportunidade ímpar fazer parte deste Projecto e história por meio da CCS JV. Principalmente para mim que sou mulher e de Cabo Delgado, em momento nenhum sonhei que poderia entrar num projecto tão grande. Espero poder continuar a contribuir com o meu melhor para alcançar os meus objetivos e da empresa na área do desenvolvimento local, deste modo contribuindo para o desenvolvimento econômico do nosso Moçambique.”
Qual é a opinião da VL sobre o Projecto de LNG para Moçambique, tendo em conta que o País esta em vias de desenvolvimento?
“Acredito que este projecto está a contribuir significativamente para o desenvolvimento de Moçambique. Temos vários colaboradores, principalmente moçambicanos, isso já contribui para o desenvolvimento econômico do País. Não só o País, mas nos moçambicanos como pessoas individuais. Vejo muitos jovens, principalmente os locais que vem das comunidades e estão a trabalhar aqui. Mudou e continua a mudar a vida dos colegas para o melhor. ”
Como a Verónica vê o seu desenvolvimento profissional e pessoal desde a sua chegada a CCS JV até os dias de hoje e fim deste Projecto?
“Eu acredito que não serei a mesma Verónica, a formação diária que temos, os desafios que recebo no dia-a-dia não creio que serei a mesma. Na verdade, desde que entrei sinto e vejo grandes melhorias em mim como pessoa e no meu trabalho. Inclusive o meu inglês que era para mim um grande desafio.”
Verónica gostaria de deixar aqui alguma mensagem?
“Primeiro devemos ter fé, Deus em primeiro lugar e focar nos nossos objectivos, determinação e disposição para aprender coisas novas. Importa querer aprender.
Olhando as oportunidades que eu tive, imagina se eu me recusasse a sentar para aprender a fazer as coisas! Uma grande percentagem de mulheres moçambicanas pensa que não há lugar para nós em projectos com esta dimensão, mundialmente classificados no sector de óleo e gás, mas não é verdade.
Há espaço e principalmente tarefas para mulheres, a CCS JV sempre deixou claro para mim que a mulher é capaz.”